Grand Prix no Brasil: fechado temporariamente
Parece até piada um blog que mal tem cinco meses de vida estar fechando, mas é verdade. Ao contrário da Toyota, eu não vou por a culpa na crise mundial, mas sim por eu não poder mais assumir o compromisso de atualizar este espaço.
Na verdade, creio que eu não deveria nem ter começado com este pequeno hobby, pois já sabia que esse momento chegaria, mais cedo ou mais tarde. Afinal, o que me leva a fazer isso é um acontecimento inevitável: o concurso vestibular.
Faltam menos de dois meses e meio para a prova, então tenho que me dedicar full-time se quiser ter esperança de entrar no curso que quero: engenharia civil.
Gostaria, então, de agradecer a todos que visitaram, comentaram e apoiaram o Grand Prix no Brasil, e esperem por mim devolta aqui no dia 14 de janeiro de 2010, onde, dependendo das circunstâncias, direi se este blog voltará à vida ou se será enterrado definitivamente.
Um sincero abraço a vocês, meus leitores.
Entrevista com Matheus Ribas
Como prometido ao final do post sobre as estatísticas pós-GP de Abu Dhabi, trago a vocês uma pequena entrevista que fiz com o amigo e blogueiro Matheus Ribas, jornalista de formação e convicção.
Matheus não é um típico fã de Fórmula 1 – não acompanha o esporte diariamente, e nem se interessa, pelo jeito. Sua paixão é mesmo a preferência nacional: o futebol. Então aproveitei a oportunidade que tive de entrevistar alguém que não é um seguidor da F1… fazendo-lhe perguntas sobre Fórmula 1!
Mas não só ele aceitou meu desafio, como também resolveu me entrevistar. Minhas respostas logo estarão no blog dele, onde vocês poderão me ver falando um pouco sobre F1, futebol e sobre o Grand Prix no Brasil.
Espero que gostem dessa pequena – e divertida – experiência, que foi tão válida que talvez, um dia, eu dê continuidade a ela.
E se você gosta de futebol, não deixe de visitar o blog dele, obviamente.
Então, que comecem as perguntas!
Q: Você é uma pessoa que não assiste Fórmula 1, certo?
Matheus Ribas: Eu não assisto a todas as corridas. Mas de vez em quando dou uma olhada sim. Antes do acidente fatal do Senna, eu não perdia uma. Tinha 14 anos na época.
Q: Como fã e crítico de futebol, como você enxerga o automobilismo?
MR: O automobilismo tem grande importância para a questão tecnológica. Equipes se preparam muito para conseguir fazer tudo muito bem e rápido. Muito do que é usado hoje nas questões modernas e tecnológicas, acredito que se deva a Fórmula 1. Não estou dizendo que os carros de hoje são inspirados em carros de Fórmula 1, mas com certeza muita coisa é aproveitado. Vejo também a maior graça na largada e na chegada, pois se torcemos por um piloto e no meio da corrida algo de errado acontece com ele, ficamos a espera do fim sem torcer mais para ninguém. E muitas vezes, são injustiçados.
Q: Você acha que, atribuindo um grau de importância, o futebol se sobressairia à Fórmula 1?
MR: Acredito que o futebol tem um grau de importância com mais destaque na mídia e como ele começou a existir antes de muitos outros esportes, ele se sobressai sim. Ainda mais num país do futebol, como o nosso é reconhecido.
Q: O Brasil é um país de torcedores ufanistas, em todos os esportes. Na Fórmula 1, após a morte do Senna, muitos perderam o interesse ou acabaram por esperar de Rubens Barrichello vitórias que eram simplesmente impossíveis de conquistar. O que você acha desse ufanismo tanto na F1 quanto no futebol?
MR: Eu sempre fui um fã do Ayrton. Nunca esqueço as narrações com toda a emoção em suas vitórias nos domingos pela manhã. Acontece que o brasileiro é um povo que muitas vezes, carente de ídolos, escolhe e se identifica com alguém (jogadores, pilotos, artistas, etc…) e não quer que nada de errado aconteça ou não quer se decepcionar com o escolhido. No caso de Senna na F1, quando acontece um acidente trágico como o dele, é normal as pessoas quererem preencher aquilo que elas estavam acostumadas com ídolo que enchiam elas de alegria. Há uma transferência errada, mas automática, de “responsabilidade”. Só que ninguém é igual a ninguém. Cada um tem a sua história.
Q: Muitos ainda discutem se a Fórmula 1 é ou não um esporte. E você, qual sua opinião?
MR: Essa questão é polêmica. Antes, pensava que não tinha nada de esporte. Hoje, estou convencido que se trata de um esporte, mas sem um contato físico e com muito trabalho mecânico. Entendia que quem fazia o maior esforço era a máquina. Mas quando houve o acidente com o Felipe Massa (este ano com a mola que soltou do carro de Rubinho e o atingiu na cabeça) percebi que Schumacher não conseguiu voltar para substituí-lo em função de problemas físicos e aí pensei: opa, se o cara tem dor e não está totalmente em condições físicas, não como mais pensar que o esforço é só da máquina. Portanto, é um esporte sim. Mas não me chama mais tanta atenção como na época dos duelos de Ayrton Senna e Alain Prost e com o Nigel Mansell.
Q: Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Felipe Massa. Três importantes pilotos brasileiros que com certeza você conhece bem. Dê-nos sua opinião sobre eles.
MR: Ayrton é um ídolo de uma geração que estava acostumada a não ganhar nada de importante a nível nacional. Talvez antes dele, somente o Pelé. Imagina que o Senna foi campeão no final da década de 80 e fazia quase 20 anos que o Brasil tinha ganhado a última Copa (70). Não que o futebol seja o essencial para se contemplar ídolos, mas outros esportes não tinham grande proporção e a F1 na época do Piquet não era tão valorizada pelo brasileiro. Realmente o Senna, sei lá, por questões de estrela talvez, chamou a atenção de todos naquela época e conseguiu fazer com que mais gente começasse a acompanhar F1. O Piquet talvez por seu comportamento polêmico não conseguiu atingir o que Senna atingiu.
O Rubinho é um cara batalhador e com certeza conta com um grande talento. Mas nem sempre contou com boas equipes e quando contou (exemplo da Ferrari) era segundo piloto. Esse ano, numa equipe que era promessa, quase foi campeão. Acredito que falte um pouco de sorte também. Mas uma hora ele vai conseguir, pode ter certeza.
O Massa demonstrou que é bom piloto e por azar dele e sorte do Hamilton, ele não foi campeão o ano passado. Esse ano foi prejudicado, mas ano que vem ele vai dar trabalho para os outros pilotos. Ele o Rubinho.
Q: Por fim, sobre teu blog. Qual a proposta dele? O que te levou a criar ele? E onde você busca inspiração? Já obteve algum reconhecimento jornalístico com teu blog?
MR: A proposta é discutir assuntos relacionados ao futebol. Dupla Grenal em essencial. Mas por vezes tenho que ser versátil, e daí entram assuntos que fazem parte do nosso cotidiano, dica de filme, música, enfim, temas no geral os quais sinto a necessidade de falar, opinar e claro, ouvir a opinião das pessoas. Criei em 2007 numa aula de Jornalismo Online e a partir daí percebi que esse era um canal de muita importância para quem quer trabalhar ou quem trabalha com a Comunicação Social. Digamos que ele seja além de um fórum, um portfólio.
Inspiração para os textos eu busco nada mais daquilo que eu vejo, penso ou sinto e tenho que falar. Como não falar nada a respeito de uma Copa, uma conquista inédita, um crime “sem perdão”, enfim, algo que está presente em nossa realidade? Eu não consigo! Posso demorar um pouco para atualizar, mas em seguida lá estou eu.
Quanto ao reconhecimento, acredito que já. Esses dias, assisti a uma entrevista do Dunga e a foto que eu fiz dele falando, o Nando Gross (comentarista de futebol da Rádio Gaúcha) a utilizou. Logo que encontrei o Nando, fui elogiado pelo texto e pela foto. Mais acredito que o maior reconhecimento é das pessoas que acessam todo o dia e dos comentários recebidos.
Sayounara
Dizem que dinheiro não compra amor… e pelo jeito também não compra vitórias na Fórmula 1. Ontem, em Tokyo (ou Tóquio, como preferirem), outra gigante da indústria automobilística, a Toyota, anunciou que terminará seus investimentos na categoria, com efeito imediato, se tornando a quarta mega-empresa a deixar o esporte em menos de 1 ano. Coincidência ou não, três delas são japonesas.
Já não era segredo – o time ameaçava abandonar o barco há pelo menos uns três anos – e sinais deste destino não foram poucos: anuncio do primeiro balanço negativo no ano passado, indefinição dos pilotos para 2010, rescisão do contrato de fornecimento de motores com a Williams, nenhuma noticia sobre o “TF110”, resultados fracos comparados aos objetivos traçados para este anos.
Em oito anos na categoria máxima, a equipe foi a que mais gastou, seguramente ultrapassando a marca dos 3 bilhões de dólares. E se traçarmos um paralelo com os resultados obtidos, veremos que a equipe nipônica fez um trabalho vergonhoso, indigno do orçamento que tinha. Foram 139 GPs disputados, nenhuma vitória, 3 pole-positions, 278.5 pontos, 13 pódios, 3 voltas mais rápidas e insignificantes 66 voltas na liderança, tendo o melhor resultado nos construtores o 4º lugar em 2005.
Como desculpa, eles deram a mais óbvia: a perdas causadas pela crise mundial, mas será só isso?
Os resultados foram ruins. Demorou até 2005 para que a equipe ameaçasse disputar por uma vitória, quando conseguiu 3 pódios nas 3 primeiras corridas, mas a velocidade de desenvolvimento do carro era pequena, e isso significou que a Renault e a McLaren puderam disparar no campeonato. Quando a Honda assumiu a BAR em 2006, ficou ainda pior. Herdando um pouco da boa performance do time ao qual fornecia motores, e tendo em Rubens Barrichello e Jenson Button uma dupla de pilotos muito mais forte que Jarno Trulli e Ralf Schumacher, a Honda dominou sua concorrente do ramo automobilístico.
Talvez o que mantinha a Toyota na Fórmula 1 era o marketing que trazia a disputa com a rival. Mas com a saída da equipe ao final de 2008, sobrou para a Toyota disputar contra quem? Entre os dois maiores mercados da montadora (Estados Unidos e Japão), não havia nenhuma outra equipe. Competir contra BMW e Renault não trazia a mesma imagem, e mesmo assim não foram capazes de batê-los.
Mas montadoras vêm e vão de acordo com a vontade (e a profundidade dos bolsos) de seus dirigentes. Se a empresa estiver em uma boa época de vendas, ela vai precisar da Fórmula 1 para promover sua marca e aprimorar suas plataformas. Foi assim com a Mercedes, BMW, Renault e Honda, logo não seria uma surpresa ver a Toyota novamente na Fórmula 1… com um orçamento monstruoso, é claro.
Então, deveria o “sayounara” ser substituído por “abayo“?
GP de Abu Dhabi – Estatísticas
A temporada acabou, então nada mais apropriado do que fazer uma atualização dos números da categoria. Com qual piloto a carreira de Lewis Hamilton coincide? Quantos pilotos japoneses já marcaram pontos na Fórmula 1? E quais outros Grandes Prêmios não foram realizados sob o nome de seu país?
Leia mais e descubra…
GP de Abu Dhabi – Corrida? Que corrida?
O post vem com um atraso de dois dias, mas não faz mal – a demora é só para seguir no (lento) ritmo da corrida em Yas Marina.
Na verdade eu mal vi o “desfile”. Tinha ido ao centro da cidade buscar minha namorada às 10h30min. Demos sorte com o ônibus, mas minha casa fica a longínquos 35 minutos do centro. Resultado: perdi as duas primeiras voltas.
Perguntei a ela se ela queria mesmo assistir àquilo – eu sei que ela não acha interessante -, e ela disse que sim. Admiro a benevolência dela em se dispor a me acompanhar durante 1 hora e 40 minutos, vendo “carros dando voltas em uma pista”, como ela diz. Geralmente discordo dessa afirmação – “não são voltas, são corridas!” – mas dessa vez não tinha como discordar… foram apenas voltas.
Entre uma conversa e outra, uma olhada para a TV… e nada de interessante. Me voltava a ela, conversava mais um pouco, perdia umas duas voltas em um beijo, e olhava para a TV de novo… nada de interessante. Apenas Vettel se aproximava de Hamilton com o passar das voltas, indicando uma possível ultrapassagem nos boxes.
Parei para explicar a situação a ela, detalhe por detalhe, e por que Sebastian poderia sair na frente de Lewis, mas antes que tudo pudesse se comprovar, Whitmarsh manda Hamilton recolher seu carro para a garagem, com problemas nos freios.
– Feitooo! – eu disse.
– Pára de gritar no meu ouvido! – foi a resposta que tive. E voltei minha atenção a ela…
Eis que surge meu gato, chamando nossa atenção. Pulou no nosso colo, se contorceu, implorou por um cafuné. Era tudo o que eu precisava para não prestar atenção em mais nada do que acontecia em Yas Marina.
Esporadicamente, ouvia os berros de nosso locutor à mínima ação que acontecia em pista: Kobayashi realizando uma bela ultrapassagem em Button, mostrando a quê veio à Fórmula 1, e o pequeno duelo entre Webber e o campeão mundial – que foi absurdamente exaltado por Galvão Bueno, talvez até com um pouco de razão, considerando que a prova teve apenas três ultrapassagens…
E a isso se resumiu o GP de Abu Dhabi aos meus olhos: entre um cafuné e outro, uma conversa aleatória e outra, um beijo e outro, eu vi um arremedo de corrida em um lindo, imenso e chique kartódromo.
No fim a gente até esquece que o Vettel ganhou mais uma…
Resultado final:
Piloto | Equipe | Tempo | |
1º | Sebastian Vettel | Red Bull Renault | 1:34:03.414 |
2º | Mark Webber | Red Bull Renault | (+)17.8 |
3º | Jenson Button | Brawn Mercedes | (+)18.4 |
4º | Rubens Barrichello | Brawn Mercedes | (+)22.7 |
5º | Nick Heidfeld | BMW Sauber | (+)26.2 |
6º | Kamui Kobayashi | Toyota | (+)28.3 |
7º | Jarno Trulli | Toyota | (+)34.3 |
8º | Sebastien Buemi | STR Ferrari | (+)41.2 |
9º | Nico Rosberg | Williams Toyota | (+)45.9 |
10º | Robert Kubica | BMW Sauber | (+)48.1 |
11º | Heikki Kovalainen | McLaren Mercedes | (+)52.7 |
12º | Kimi Räikkönen | Ferrari | (+)54.3 |
13º | Kazuki Nakajima | Williams Toyota | (+)59.8 |
14º | Fernando Alonso | Renault | (+)69.6 |
15º | Vitantonio Luizzi | Force India Mercedes | (+)94.4 |
16º | Giancarlo Fisichella | Ferrari | (+)1 Lap |
17º | Adrian Sutil | Force India Mercedes | (+)1 Lap |
18º | Romain Grosjean | Renault | (+)1 Lap |
19º | Lewis Hamilton | McLaren Mercedes | Out |
20º | Jaime Alguersuari | STR Ferrari | Out |
Piloto | Equipe | Tempo | |
1º | Sebastian Vettel | Red Bull Renault | 1:34:03.414 |
2º | Mark Webber | Red Bull Renault | (+)17.8 |
3º | Jenson Button | Brawn Mercedes | (+)18.4 |
4º | Rubens Barrichello | Brawn Mercedes | (+)22.7 |
5º | Nick Heidfeld | BMW Sauber | (+)26.2 |
6º | Kamui Kobayashi | Toyota | (+)28.3 |
7º | Jarno Trulli | Toyota | (+)34.3 |
8º | Sebastien Buemi | STR Ferrari | (+)41.2 |
9º | Nico Rosberg | Williams Toyota | (+)45.9 |
10º | Robert Kubica | BMW Sauber | (+)48.1 |
11º | Heikki Kovalainen | McLaren Mercedes | (+)52.7 |
12º | Kimi Räikkönen | Ferrari | (+)54.3 |
13º | Kazuki Nakajima | Williams Toyota | (+)59.8 |
14º | Fernando Alonso | Renault | (+)69.6 |
15º | Vitantonio Luizzi | Force India Mercedes | (+)94.4 |
16º | Giancarlo Fisichella | Ferrari | (+)1 Lap |
17º | Adrian Sutil | Force India Mercedes | (+)1 Lap |
18º | Romain Grosjean | Renault | (+)1 Lap |
19º | Lewis Hamilton | McLaren Mercedes | Out |
20º | Jaime Alguersuari | STR Ferrari | Out |
Onde foi que deu errado?
A temporada de 2009 vai chegando ao fim e, montando uma retrospectiva em nossas mentes, ficamos com a impressão de que fomos enganados com uma promessa de Fórmula 1 mais emocionante, mais disputada. Entretanto, foi tudo uma mistura de propaganda enganosa com altas expectativas por nossa parte, o que gerou certa decepção.
As regras técnicas mudaram radicalmente com o propósito de “melhores corridas”, mas no fim o que tivemos foram carros feios e que continuam sensíveis aerodinamicamente.
Fardo nipônico
Durante este ano, a cena mais comum de se ver na Fórmula 1 era a festa de um time cujos carros eram brancos e seus mecânicos se vestiam de preto. De um jeito dominante, aquele time conquistou oito vitórias no ano e sagrou-se campeão de ambos os títulos com uma corrida de antecedência.
Participando dos eventos sob uma licença britânica e sendo impulsionados por um motor alemão, as vezes até esquecemos que a Brawn GP é hoje o que um dia foi uma equipe japonesa chamada Honda. Mas teria o time obtido tanto sucesso se continuasse sob o controle japonês?
Fazendo uma analise profunda dos motivos para o sucesso do time, a resposta mais provável é “não”. Não por incapacidade da equipe travestida de mapa mundi, mas sim pelo fato de que seu maior trunfo – o efeito surpresa – seria anulado.
Apesar do time que hoje conhecemos por Brawn GP ter sido criado apenas semanas antes da primeira corrida do ano, o BGP001 já tinha quase 10 meses de gestação sob o nome de RA109. Passando toda a pré-temporada procurando por um comprador, a equipe conseguiu esconder seus segredos dos outros. Imaginando um cenário onde a Honda não tenha abandonado o esporte, o carro seria lançado no início de janeiro e iria para todas as baterias de testes coletivos. Assim, a saga dos difusores duplos começaria mais cedo, a aprovação da FIA viria mais cedo, e a concorrência alcançaria o time de Ross igualmente mais cedo. Alguns podem dizer que a Toyota e a Williams também tinham difusores duplos, mas é mais provável que ou eles não extraíram o máximo do dispositivo ou os motores da Toyota são verdadeiras bombas.
Mas por melhor que seja a aerodinâmica do carro, ele ainda é movido por um motor. E nessa “peça” residia talvez o mais crônico dos problemas de performance da Honda, e isso não é pura especulação: veja os resultados da equipe ano passado em “power tracks” como Spa e Monza, onde eles terminaram uma (ou quase uma) volta atrás.
A troca para os Mercedes foi, então, como se livrar de uma cruz que a equipe carregava nas costas. Os motores alemães já não eram mais frágeis como eram entre 2005 e 2006, e a velocidade da McLaren nos dois anos anteriores frente aos Ferrari demonstrava que a “usina” era uma das mais fortes da atualidade.
Apesar de o primeiro conjunto chassi-motor ter sido montado apenas no início de março, o casamento foi perfeito.
Somando o fator surpresa com o motor mais potente do grid, os resultados tendem a ser altos, como foram na primeira metade do campeonato, mas com certeza a equipe se beneficiou pelo fato de não estar mais atrelada à montadora japonesa. Com autonomia e competência, Ross Brawn pôde focar-se naquele que julgava ser o melhor caminho, e ninguém sabe mais do que ele por onde andar e no quê investir.
Caso fosse o contrário, Ross e Fry iriam dever resultados para a Honda e seriam forçados a investir em áreas que provavelmente não trariam o mesmo retorno – KERS é um exemplo. Teriam de engolir também, no lugar de Rubens Barrichello, Bruno Senna, cuja performance com certeza não chegaria nem perto da do veterano.
Uma bênção.
É isso que foi a saída da Honda. Caso eles resolvessem continuar, o máximo que conseguiriam seriam duas ou três vitórias no início da temporada e lutariam pelo segundo lugar nos construtores com Ferrari, McLaren e Toyota, entrando em decadência na medida em que a temporada avançava. Já a Red Bull, sem concorrência, dominaria as tabelas.
Imprevisível, mas ao mesmo tempo óbvio: este era o potencial ‘escondido’ da Brawn GP, que veio à tona quando o fardo chamado “Honda” resolveu desligar a tomada de suas ambições na Fórmula 1.
Seria a raiva de Trulli justificável?
O acidente entre Trulli e Sutil nos presenciou com uma cena bizarra: Trulli, furioso, encheu Sutil de broncas, como se estivesse falando com um cachorro que mijou no tapete da sala. Assista ao vídeo abaixo.
Analisando o vídeo em cada segundo importante, podemos ver de quem foi a culpa, se é que foi de alguém em específico.
- Aos 38 segundos, Kimi Räikkönen perde metade da asa em contato com Mark Webber.
- Logo mais, aos 43 segundos, Sutil se aproxima rapidamente da Ferrari desfalcada de Kimi, tendo de frear para não acertar em cheio a traseira do finlandês. Isso possibilitou o ataque de Trulli a Sutil.
- Aos 48, Trulli aparece no canto direito do vídeo. Ele já estava lado a lado com Sutil, mas o alemão não deu espaço para o italiano, que teve de colocar duas rodas na grama.
- Aos 50 segundos, Sutil é abalroado por Trulli. Percebam que Sutil estava andando no meio da pista e não meche em sua direção em nenhum momento, ou seja, ele não forçou a batida com Trulli.
Ao que parece, os dois estavam errados. Sutil não deveria ter fechado tanto a porta para Trulli na saída da Descida do Lago, assim como Trulli não deveria ter atacado naquele momento, pois visivelmente não havia espaço suficiente – mesmo que ele ultrapassasse o Adrian, ele teria o Kimi bloqueando seu caminho.
Como o assunto é passível de interpretação, responda a enquete, diga quem você considera culpado e faça as considerações que desejar na seção de comentários.
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